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Editorial - 02
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Projecto “Desalinhos”, um livro de todos nós

Fernanda Anjo
Escola Secundária Mouzinho da Silveira
 

No ano lectivo de 2008/09, iniciei um novo ciclo ao leccionar Língua Portuguesa aos alunos do 7º ano. Sempre fiz da leitura e da escrita, independentemente do ano de escolaridade, uma “batalha” a ganhar e, naquele momento, tinha a oportunidade de criar naqueles jovens de cerca de doze anos, o gosto, o prazer de escrever um texto ou de ler um livro. Felizmente, muitos já vinham habituados a ler, alguns liam até bastante, regularmente e não apenas para o Contrato de Leitura; a escrita é que não lhes agradava muito.

O primeiro texto que lhes mandei fazer, inserido na área da Oficina de Escrita, foi recebido com “que chatice”, “não gosto de escrever”, “isso é muito chato”, e por aí fora. Escreveram-no e muitos até disseram que afinal gostaram de o fazer, mas era preciso mais, tinha de “cativá-los” a todos. Outros textos foram surgindo, procurando sempre dar-lhes “títulos” que os cativassem, que despertassem a sua imaginação e a necessidade de a pôr em palavras. Por outro lado, “chamei” os pais à escola, fazendo vários “Chá com Letras”, onde nuns os alunos falavam sobre os livros que tinham lido ou, então, liam textos que tinham escrito; esses encontros foram um sucesso, de tal modo que num desses encontros foram os pais a falar sobre as suas próprias leituras ou a ler textos da sua própria autoria.

 No 2º período, já eram os próprios alunos, na sua maioria, que me pediam para lhes dar temas para escreverem; os textos foram ganhando como que vida através de tudo aquilo que contavam. Percebi a “riqueza” que tinha na minha frente, queria que outros a vissem e que os alunos também se sentissem orgulhosos das suas criações. Então, consegui que, semanalmente, fosse publicado um texto no saudoso jornal “O Distrito de Portalegre” (foi um orgulho para pais e alunos), concorreram a vários concursos, como, por exemplo, “Uma Aventura”. Comecei, por isso, a ter, em suporte informático, os textos escritos pela grande maioria dos alunos, uns com elevada qualidade (demasiada, até, para alunos daquela idade), outros não tão bons, mas todos eram importantes, não se podia deixar nenhum para trás.

No 3º período, decidi que tinha que os divulgar, fazer com que todo o trabalho produzido ao longo daquele tempo não “morresse” com o final do ano lectivo. Surgiu-me, então, a ideia de os reunir todos e editar um livro, mas tinha que ser um livro a sério, como aqueles que eles estavam habituados a ler, que sentissem que o seu trabalho também era válido e digno de ser lido. Falei com colegas, com os pais, com a Directora da Escola, todos disseram que era uma óptima ideia, deram-me força para avançar com o projecto. Levei mais de metade do ano lectivo passado a organizar e a arranjar o corpus do livro; entretanto, em colaboração com o professor de Educação Visual, propus aos alunos que criassem possíveis capas para o livro e que depois, entre eles, escolhessem a que mais gostassem. No 3º período, tudo estava organizado, faltava arranjar quem o publicasse; através do pai de um dos alunos, que trabalha na Ingrapol, o projecto foi entregue a esta gráfica que se encarregou da tarefa da sua edição.

Após alguns atrasos, devido a problemas de máquinas, o livro só ficou pronto no dia 5 de Janeiro deste ano e a festa do seu “lançamento” ocorreu no dia seguinte, com a presença de colegas, pais, da Direcção da Escola, do jornal “Alto Alentejo”, enfim, com todos aqueles que quiseram assistir a este momento tão especial. Apenas se encomendaram 63 exemplares, pedidos feitos pelos pais e colegas, mas o sucesso foi tal que muitos queriam também adquirir um exemplar e, neste momento, estou a tentar que seja feita uma 2ª edição.

As palavras para descrever este livro são insuficientes, é preciso vê-lo, folheá-lo e só então se consegue entender o que ali está, a sua riqueza não só a nível estético, mas, essencialmente, no seu conteúdo. Por outro lado, enquanto este projecto foi sendo feito, ao longo deste ano e meio, a criatividade não parou, muitos mais textos foram escritos, alguns publicados no “Alto Alentejo”, e eu deparo-me, outra vez, com a vontade de fazer algo com eles no final deste ciclo dos alunos, de não os arquivar, pura e simplesmente, na memória do computador. Já tenho ideias, o resto virá a seguir…