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A Física & Educação Sexual  - Uma atração natural

João Miguel Ferreira Fradique
Agrupamento de Escolas N.º 1 de Elvas

Introdução

Atualmente, vivemos numa sociedade extremamente sensual e erótica. Os anúncios publicitários, as crónicas de entretenimento, a música, o cinema, tudo passa por referências com um grande cunho sexual. Parece que somos uma sociedade cada vez mais focada em sexo.

Os nossos jovens crescem envolvidos por este meio, bombardeados por informações, umas verdadeiras outras falsas e outras completamente incorretas e demagógicas; “o tabu estilhaçou-se e existe, claramente, uma saturação de referências à sexualidade”(Neves & Osswald, 2007).

Torna-se assim difícil construir um conceito de sexualidade amplo e alargado sem uma intervenção orientada para esse objetivo. A afetividade e a sexualidade educam-se e aprendem-se, “a educação dos afetos inscreve-se na tarefa da constituição de um mundo autenticamente humano” (Renaud, 2001), mas para o fazermos, deveremos saber encontrar pontos comuns.

Assim, pais, professores e educadores desempenham um papel importante, na interiorização pelo adolescente, de um conceito de sexualidade que englobe todas as dimensões da mesma.

A família é a principal educadora, quer por direito, quer por dever. A escola não pretende, não pode, nem deve substituir a família. A escola deve sim assumir um papel complementar e de consolidação da educação dada pela família.

Atividade em Ciências Físico-Químicas

O grande desafio da educação da sexualidade é virá-la para a perspetiva da afetividade. Surge assim esta proposta de atividade, que tem como temáticas: - Valorização da sexualidade e afetividade entre os alunos no desenvolvimento individual, respeitando o pluralismo das conceções existentes na sociedade portuguesa; - Melhoria dos relacionamentos afetivo-sexuais dos alunos. (Lei n.º 60/2009, de 6 de Agosto).

A aplicação da mesma insere-se no conteúdo programático “Movimentos e Forças” do sétimo ano de escolaridade, e tem como descritor de desempenho: adequar a força exercida no par a fim de transmitir segurança. Tem duração prevista para noventa minutos.

A atividade desenrola-se em torno da música “Adivinha quanto gosto de ti”, de André Sardet e divide-se em quatro momentos. No primeiro momento, pretende-se que os alunos contactem com a música, ouvindo-a na sua totalidade.

Num segundo momento, o professor deverá proceder ao levantamento das ideias prévias dos alunos acerca do conceito de força, levando-os a concluir sobre as diferenças entre as conceções do saber científico e do senso comum – análise de situações (“força nisso!”; “tens uma personalidade forte”; “não tens força nas canetas”). Sugere-se ainda que se sondem os alunos acerca dos seus pré-requisitos sobre o quão confortáveis se sentem em situações que envolvam força (“gosto de um abraço apertado?”; “gosto de ser carregado(a) ao colo?”); e se no seu ponto de vista, o homem é mais forte do que a mulher (se sim, até que ponto será vantajoso em termos de relacionamento? – possível abordagem da violência doméstica). A duração da parte da atividade não deverá exceder os quinze minutos.

No momento seguinte, o professor repta os alunos com recurso aos versos da música: “Vem jogar comigo um jogo, eu por ti e tu por mim. Fecha os olhos e adivinha, Quanto é que eu gosto de ti…”. Nesta altura, propõe-se a realização de uma dinâmica de grupo onde os alunos trabalhem a confiança que nutrem uns pelos outros.

Sugere-se a seguinte dinâmica: 1. Formar grupos de três; 2. O aluno que ocupa a posição central deve: - imaginar que é uma “tábua” apenas com dobradiças nos tornozelos; - fechar os olhos, deixar-se à mercê dos outros dois e confiar.; 3. Os outros dois alunos empurram o aluno que ocupa a posição central, controlando a força que aplicam de forma a transmitir confiança e segurança ao colega. Variação: Caso se proporcione, o professor pode “quebrar” os grupos e levar o aluno que ocupa a posição central a experienciar sensações de confiança extremas. A dinâmica de grupo sugerida foi projetada para trinta minutos.

Para culminar a atividade, o último momento da aula termina com a dinâmica de grupo “O chapéu dos D” (o chapéu dos dislikes). Mais uma vez, o professor desafia os alunos com recurso à música aglutinadora da atividade, recorrendo desta vez aos versos: ““Gosto de ti desde aqui até à Lua, gosto de ti desde a Lua até aqui. Gosto de ti simplesmente porque gosto, e é tão bom viver assim…”.

A dinâmica de grupo “O chapéu dos D” consiste no seguinte: 1. Individualmente; 2. Solicitar a todos para completarem, anonimamente, num pedaço de papel, a frase: “Não gosto de ti quando…”; 3. O professor recolhe os papéis, coloca-os e mistura-os dentro de um recetáculo disponível; 4. Depois, convida cada aluno a tirar um papel e a ler a frase da outra pessoa.; 5. Um a um, cada participante lê a frase do outro, e descreve o que acha que essa pessoa sentiu ao escrevê-la.; 6. Ninguém deve comentar o que o leitor está a dizer; 7. Avançar para a próxima pessoa. A duração desta dinâmica tem duração aproximada de trinta minutos (tempo variável pois está dependente da dimensão do grupo de alunos).

A avaliação desta atividade centra-se na observação direta das atitudes dos alunos.

Conclusão

A finalidade de qualquer intervenção em educação deve ser a de disponibilizar ao discente conhecimentos sobre determinada temática, de forma a que este possa refletir sobre estes conhecimentos afim de os analisar e, através deste processo, construir um conceito.

Como a sexualidade é uma área muito abrangente, entendo que seja disponibilizado ao adolescente a possibilidade de construir um conceito de sexualidade com todas as suas componentes, de maneira a entender as várias perspetivas que lhe surgem no quotidiano.

Bibliografia

Lei n.º 60/2009, de 6 de Agosto. Diário da República, 1ª Série.

NEVES, MARIA PATRÃO; OSSWALD, WALTER (2007) – Bioética Simples. Editorial Verbo. Lisboa.

RENAUD, ISABEL CARMELO ROSA (2001) – A Educação para os afectos. Novos desafios à bioética. Porto Editora. Porto.