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Editorial

Educar Sempre

- Olhares Cruzados -

24 de Outubro

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FEITIÇOS
Constância a Ler++

Anabela Diogo
Agrupamento de Escolas de C
onstância

Este texto é dedicado a toda a comunidade educativa do Agrupamento de Escolas de Constância pelo empenho e motivação que sempre demonstraram ao longo destes dois anos e à Dra. Anabela Grácio, directora, que sempre acreditou na Biblioteca.

Era uma vez...

É assim que começam as histórias...

Esta história começou há dois anos numa biblioteca escolar, onde dezenas de livros, arrumadinhos em estantes, esperavam pacientemente que alguém os folheasse, que os descobrisse...

Viajei pelas estantes e fiquei presa às palavras de cada livro. As histórias estavam ávidas  de serem  descobertas, tocadas, sentidas e vividas.

Descobri naquele momento  que tinha uma missão (im)possível, soltar as palavras dos livros...

E foi assim que as palavras ganharam vida e caíram dos céus numa manhã nublada de Outubro.

Os livros conseguem estes milagres, unir a boa vontade das  mais variadas pessoas (bombeiros, tropas pára-quedistas, câmara municipal e comunidade escolar) numa grande acção de divulgação da biblioteca escolar e das leituras que lá podem acontecer.

Também na biblioteca os livros se transformaram numa sopa de letras onde para além da dita foram servidas iguarias de poesia.

A degustação de letras aliou-se ao prazer das palavras trabalhadas pelos poetas.

E os livros teimaram em soltar-se  numa noite vadia de poesia, fados e guitarradas. A biblioteca vestiu-se de xailes e fardos de palha para receber os inúmeros convidados amantes de palavras e leituras.

A biblioteca  foi palco de espectáculos, onde o teatro, a música e o cinema foram os grandes protagonistas. As leituras eram outras...mas não menos importantes.

As histórias sucediam-se e como a biblioteca também queria ensinar a ler o que não está escrito  por vezes transformava-se no atelier do artista através das mais variadas exposições.

A biblioteca foi também sala do cientista quando a Química se soltou e as palavras espalharam-se por barreiras invisíveis, transportadas por espátulas, gobelés... ácidos, cloretos e potássios... que transformaram o cor de rosa em azul metileno. Os leitores reagiram impregnados da magia da ciência que a química das palavras lhes ofereceu.

A biblioteca foi local de encontro de escritores, poetas, argumentistas, jornalistas políticos, decoradores, historiadores que das mais variadas formas deram corpo às palavras.

Os livros agradeciam e passavam de mão em mão numa roda viva. Os nossos leitores a pouco e pouco descobriram que na biblioteca existiam livros que se adequavam ao gosto de cada um.

Descobriram que partilhar leituras é uma aventura porque se encontram amigos com gostos comuns, porque se viaja, porque se podem identificar com a personagem que mais lhes aprouver, porque podem sonhar...

Mas a verdadeira magia acontecia quando era chegada a hora das leituras em voz alta (hora do conto). Sentados no chão, ou deitados (porque não?) dezenas de meninos foram as personagens principais de histórias fantásticas; descobriram cidades perdidas, conseguiram matar vampiros e salvar princesas prisioneiras de encantamentos terríveis.

E no final das histórias, os livros acompanhavam cada um dos meninos até suas casas ou até à sala de aula... havia ainda  tanto para descobrir. No silêncio das suas casas as palavras voltavam a soltar-se e a seduzirem a imaginação de cada um.

Os livros queriam mais, aprisionados nas estantes, apelavam para que um olhar recaísse sobre eles e que fossem tocados e agarrados por um leitor que os desejasse.

Nasceu assim o concurso roda de livros onde pais e filhos foram desafiados a partilharem leituras e posteriormente a defrontarem os seus conhecimentos com outras famílias.

As histórias continuavam e o pulsar da biblioteca contagiava toda a comunidade educativa surgiram os Jogos Inalienáveis da Leitura onde as palavras e os livros foram o mote para jogos idealizados para o efeito. Professores e alunos foram chamados a ler para que posteriormente exercitassem a mente e o corpo.

Não queríamos terminar o ano lectivo sem termos uma experiência radical de leitura e por isso dormimos na biblioteca com os livros. Sem pais, sem telemóvel, jantar com os amigos, ouvir histórias mágicas e adormecer na companhia do livro preferido foi o que aconteceu numa noite inesquecível na biblioteca.

As histórias sucederam-se, as palavras soltaram-se e só faltava remodelar a esplanada de leitura da biblioteca para que na Primavera as leituras pudessem acontecer ao ar livre. Surgiu a campanha " Na biblioteca leia um livro e PUFE..." Ser padrinho de um pufe foi o desafio lançado às empresas da região que de imediato aderiram proporcionando assim um local muito atractivo de leitura para os nossos alunos.

Não tenho quaisquer dúvidas que a biblioteca tornou-se um lugar de encontro com os livros e que proporcionou aos alunos, pais, professores linguagens múltiplas sobre a essência do ser humano e olhares grandes sobre a dimensão poética do mundo.

Os livros e a  leitura enfeitiçaram-nos, que doce feitiço... até eu me convenci que era uma bibliotecadora...

Mas todas as histórias têm um final. Esta história foi contada durante dois anos...

Recordo-a, já, com uma grande saudade, porque há histórias que só podem ser contadas uma vez...

Adeus Constância... rios de histórias irão ser contados.

 

http://esplanadadaleitura-antoniocamara.blogspot.com

Nota: Todo o trabalho realizado na Biblioteca Escolar Carlos Cécio assentou em trabalho colaborativo com os vários departamentos do Agrupamento e parcerias com a Biblioteca Municipal, Câmara Municipal, instituições e empresas da região.