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A História e o Conhecimento Histórico

Fernando Martinho
Escola Secundária de São Lourenço

“Mas, afinal, para que serve a História?“ Esta pergunta, tantas vezes ouvida, lida e escrita por muitos de nós, não encerra nenhum enigma, ou mistério, mas remete-nos para uma, mais do que necessária, explicação.

Muitos confundem História com Cronologia, outros deambulam à volta do tempo e do passado e poucos se concentram na sua verdadeira dimensão social e humana. Sim, porque a verdadeira essência da ciência histórica é o social e o humano, interligados, evidentemente. Senão vejamos! Para haver ciência – e a História é uma ciência – tem que haver alguém que faça esse estudo, o cientista. Ora este é um Homem, um ser humano. Até aqui tudo bem, portanto!

O seu objeto de estudo é os homens em sociedade, não apenas o homem, pois assim outras ciências se afirmariam como detentoras exclusivas desse desiderato, dessa grande aspiração. A Medicina estuda algo de Humano, a Psicologia também e qualquer outra ciência social tem o Homem debaixo do seu campo de estudo.

Falta, portanto, à História a dimensão temporal. A dimensão tempo surge-nos, assim, associada à ciência que o estuda, a Cronologia. Ciência dos Homens no Tempo, para simplificar. Mas será assim tão simples?

A História, ou melhor, o seu conceito provém da língua grega antiga e quer dizer Inquérito, Investigação. E o que é o Historiador senão um Investigador? Do passado, do passado do Homem, das sociedades humanas!

Surge-nos então outra abordagem para explicar para que serve a História. E, desta vez, teremos que dizer que ela serve para nos conhecermos. A História serve para o Autoconhecimento Humano. Como assim? É que se não tivéssemos conhecimento do passado, do que passou há pouco tempo ou do que aconteceu há muito, muito tempo, não seria possível entender lá muito bem o presente, isto é, os tempos actuais. Isto porque se o Presente é o que é, se o Presente é o que vivemos nos nossos dias, então podemos dizer que o que tornou possível esse tipo de Presente que hoje temos é porque o passado assim o determinou. Por outras palavras… o Passado (o que já passou) permitiu o Presente que hoje temos. O Presente que é, o Presente que temos e vivemos surge-nos, pois, como a continuação de um Passado. E um Passado diferente do que foi levaria, necessariamente, a um Presente diferente.

Vamos dar um exemplo muito fácil de entender: a nossa existência, a nossa vida. Ela só é possível porque algo no passado permitiu que assim fosse. Se o teu pai não tivesse conhecido a tua mãe, e vice-versa, tu não estarias cá. Aquele que é o teu pai e aquela que á a tua mãe, se não se tivessem conhecido, tornaria impossível a tua existência. O Presente é construído por vários e múltiplos intérpretes e suas acções. Se esses intérpretes não se cruzassem, por várias e múltiplas razões, o Presente seria diferente daquele que é. O Passado Humano e o Presente Humano, podemos dizer, são novelos de um qualquer fio. E isso implica continuidade.

Então, temos que a História se faz com alguém (o Historiador, o investigador do passado) que estuda outro alguém (os Homens do Passado) pondo assim em evidência a dimensão humana da ciência histórica. Mas é o passado que interessa e não tanto o presente (embora este nunca possa ser ignorado pelo historiador) e a respetiva ligação e articulação entre ambos. Mas tudo isto não ficaria concluído se ignorássemos a importância das fontes históricas, isto é, das provas materiais e não materiais, dos vestígios e dos testemunhos do passado. Daquilo a que o historiador tem que se agarrar. E para quê? Para conhecer e compreender o Passado humano e a conexão que este tem com o Presente. Tudo o que nos fale dos homens do passado interessa ao historiador: os monumentos, os objectos de uso diário dos nossos antepassados, as obras de arte, as cartas, os contos e os provérbios que passaram de geração em geração…. Enfim uma multiplicidade de fontes. Ora, as Bibliotecas contêm inestimáveis provas do passado. Nelas estão arquivados muitos e muitos documentos, escritos, que chegaram até nós. Mas já pensaste nos milhões de documentos escritos, e não só, que se perderam ou que foram destruídos pela fúria dos homens, pelas guerras, pela incúria, pelo desleixo e negligência dos mesmos?

Então quando entrares na tua, na nossa Biblioteca, hoje e amanhã, pensa nos livros que tens ao teu redor. Uns mais antigos, outros nem por isso. Mas uma certeza: alguém os escreveu, alguém os vai preservar, alguém os vai ler e consultar. Não interrompas esse caminho!