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Educação Ambiental
O prazer de a viver no dia a dia

Maria Manuel
 

Foi-me proposto que prestasse um depoimento sobre a experiência do meu dia a dia vivido na Educação Ambiental. Será, talvez, a minha história neste percurso!... E, tal como em qualquer história, poderíamos começar por dizer: “era uma vez…” uma Professora duma Escola numa pequena cidade do interior do nosso País, onde o isolamento poderia ser um forte contributo para o imobilismo, a inércia ou mesmo a estagnação profissional. Esse era o meu maior pavor!...

 

Mas, no ano letivo de 1985/86, quando foi lançada uma experiência da UNESCO sobre “O Ambiente no ensino da Geografia”, experiência essa implementada apenas em quatro escolas do nosso País e em áreas geográficas diversificadas, eu tive o privilégio de integrar esse grupo.

Esse primeiro projeto, gerou outros projetos que, por sua vez, foram gerando outros e, assim, ao longo dos anos, a Educação Ambiental na Escola Secundária de Elvas, foi entrando, pé ante pé, primeiro devagar, com prudência e discrição, para logo depois se impor, como uma realidade à qual já ninguém teve a coragem de se opor.

Queria hoje descrever-vos aqui, um dos projetos de Educação Ambiental que, em cooperação com alunos e outros professores, conseguimos implementar no nossa Escola. Mas, qual? Pela diversidade dos temas tratados, dos níveis etários dos alunos envolvidos, pela riqueza das experiências vividas, por tudo o que aprendemos juntos, pelos obstáculos que tivemos que vencer, pelos progressos que eles fizeram na aprendizagem, pelos laços de amizade e de cooperação que se geraram, tal como uma “Mãe” não consegue indicar o filho preferido, também não me foi possível eleger um desses projetos. Por isso, optei por fazer uma muito breve descrição dos métodos/técnicas e estratégias utilizadas e dos resultados obtidos.

A metodologia adoptada foi, em todos eles, o “Trabalho Projeto”. Era necessário acordar-se com os alunos o Tema/Problema central de cada trabalho. Na sala de aula, munidos dos respetivos guiões de trabalho, trabalhava-se em grupo, fazia-se investigação e preparavam-se as conclusões a serem comunicadas ao “grande grupo”. As saídas de campo tornaram-se indispensáveis, bem como os inquéritos, os contactos com organismos e especialistas da comunidade local, para os esclarecer ainda mais…

Ao longo deste percurso, privilegiámos os estudos regionais. Tivemos como meta que os nossos jovens conhecessem cada vez melhor esta cidade e as áreas envolventes, que a conhecessem com todos os seus encantos e desencantos, para que a pudessem “amar”. Amando-a, iriam valorizar e preservar, cada vez mais, as suas virtudes tentando, se não resolver, pelo menos minimizar, os problemas detetados.

 Assim, eles aprenderam que as questões ambientais são urgentes e que a atuação local é uma das vias imperativas para que a ameaça da irreversibilidade fosse travada. Mas, eles entenderam ainda que, as maravilhas das gerações anteriores devem ser preservadas e divulgadas, que elas fazem parte de um património cultural que, tal como o património natural, não temos o direito de destruir ou de, por comodidade, ignorar a sua existência.

Desta forma, os alunos foram alertados a não se demitirem da responsabilidade, do sentido de solidariedade e da oportuna intervenção de que devem ser atores, principalmente quando se trata de problemas ligados ao ambiente (natural ou patrimonial).

Depois seguia-se a atuação fora dos “muros” da Escola. Aí, foram os alertas à população, as exposições alusivas aos temas, a participação em programas da rádio local, a comunicação nos jornais e as sugestões junto dos responsáveis, nomeadamente da autarquia. Por tudo o que já foi dito, estamos cada vez mais convictos de que, a nossa aposta em “Educar para o Ambiente”, era um investimento cujo produto pode ser percetível a curto e a longo prazo. É premente e é urgente apostar nos nossos jovens, pois as soluções passam inevitavelmente por uma intervenção, a qual, só é possível, através de uma mudança de mentalidades, pela criação de uma “Nova Ética”.

Como produto deste trabalho, destacamos:

  • Fomentou-se a complementaridade entre as várias disciplinas;

  • Diversificaram-se estratégias e métodos com vista ao melhor rendimento dos alunos;

  • Contribuiu-se para a formação integral destes jovens;

  • Motivaram-se os alunos para o conhecimento da sua região e do ambiente;

  • Fomentou-se o trabalho de investigação e de pesquisa, bem como o trabalho em grupo;

  • Criaram-se condições para melhorar as técnicas de comunicação e de diálogo.

Conseguimos que estes alunos fossem alegres e bem dispostos, encarassem a sobrecarga de trabalho sorrindo, dividissem voluntariamente as tarefas e que nunca tivesse havido desentendimento entre eles. Encararam a realidade da avaliação com responsabilidade, aceitaram as críticas e tentaram remediar as situações menos bem conseguidas. Ocuparam os tempos livres com tarefas de interesse para a sua formação como elementos responsáveis na sociedade.

Em suma, podemos mesmo afirmar que “PELA UTILIDADE E PELA ATUALIZAÇÃO CONSTANTE, O SABER PODE, ASSIM, CONTER A DIMENSÃO   DO  PRAZER”!...