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Portalegre na Azulejaria

Isilda Garraio
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Indiferente ao brilho e à cor própria do azulejo, o tempo escurece, transforma e altera a beleza que o mesmo empresta aos locais onde é colocado.

Apesar disso, a nossa cidade é ainda um bom repositório, um agradável passeio para o turista, uma lição de História da Arte para o estudioso.

Como tudo na vida, também o azulejo sofreu uma evolução que lhe é muito própria. Acompanhemo-la:

Os exemplares mais antigos encontram - se  na  fachada sul da

Igreja do Espírito Santo e pertencem à denominada azulejaria arcaica, Séc. XVI. Segundo Joaquim Torrinha, são uma “composição feita à custa de azulejos de aresta aproveitados de outros lugares. Quiçá aquando da remodelação que a igreja sofreu no Séc. XVIII.” São quatro cruzes em tons de verde, castanho e creme. Na parede virada a poente encontra-se um outro exemplar. No claustro da Sé Catedral também existem restos desta azulejaria.

Retomando a nossa viagem e como resultado das relações comerciais de Portugal com a Europa do norte, chegam ao nosso país ceramistas oriundos da Flandres, e a azulejaria e a arquitetura tornam-se inseparáveis.

Por essa altura, 1550, Portalegre é elevada à categoria de cidade por D. João III, o mesmo rei que viria a conseguir da mão do papa a criação da diocese de Portalegre. Foi seu primeiro bispo D. Julião de Alba a quem se deve o lançamento da primeira pedra da Sé Catedral a 14 de Maio de 1556.

Segundo Luís Keil, “Foi o templo, no começo do Séc. XVII, todo revestido de silhares de azulejos policromos de “laçarias e rosas”. Existem também alguns exemplares no cruzeiro, transepto, na entrada e no rodapé que decora o claustro.

 Caminhando no tempo, rumo ao Séc. XVIII, temos magníficos exemplares barrocos, intimamente ligados com as construções às quais estão adstritos. Falamos da azulejaria de interior, pertencente aos palácios Achaioli e Avilez e ainda das Igrejas de S. Lourenço, Senhor Jesus do Bonfim e Convento de S. Bernardo. Estamos em presença de grandes silhares de azulejos, azul e branco, que cobrem as partes inferiores de escadarias ou salões. No que toca aos espaços de caráter religioso, por vezes, todo o interior é revestido. Como é lógico, se o espaço a decorar é uma residência nobre, então, as cenas são de cariz palaciano. Se, por seu turno, nos encontramos no espaço conventual ou numa igreja, os temas são religiosos, acompanhados de elementos florais.

No Séc. XIX a cidade conhece algum crescimento económico que se ficou a dever a um desenvolvimento industrial relativamente importante, em torno dos lanifícios e do setor da cortiça, a que se juntou a criação do Liceu em 1851 e da Escola Fradesso da Silveira em 1884.

 

Está chegada a hora de a azulejaria se colocar ao serviço de outros. Desta vez, os comerciantes abastados da cidade cobrem as fachadas das suas habitações, bem como dos prédios de arrendamento. Estamos em presença de motivos padronados ou florais e de uma azulejaria cheia de brilho.

 

No Séc. XX, a cidade continuou a crescer para Este e, mais recentemente, para Oeste. É no primeiro destes sentidos que encontramos os melhores exemplares de azulejaria contemporânea. Deixamos um exemplar que se encontra no Hospital Distrital de Portalegre.

 

Completamos esta nossa resenha referindo apenas a existência de outros marcos azulejares, como sejam os painéis figurativos, registos, letreiros e painéis publicitários, bem como azulejaria avulsa.